Contratos de swaps funcionam como venda de dólares no mercado futuro. Por isso, têm potencial de impedir alta maior do dólar no mercado a vista.
O Banco Central anunciou nesta quinta-feira (17) que vai reduzir a “intensidade” de venda de contratos de swap cambial, que funcionam como venda de dólar no mercado futuro. Espécie de seguro, eles são comprados, por exemplo, por empresas que precisam da moeda em seus negócios mas querem se prevenir de grandes variações na cotação.
Os chamados contratos de swap cambial têm o potencial de tentar impedir pressões de alta da moeda norte-americana no mercado à vista. Além de atuar para impedir uma alta maior do dólar, os contratos fornecem às empresas uma proteção contra a variação do dólar, chamada de "hedge".
Nos últimos meses, a autoridade monetária vinha "rolando" todos os vencimentos de "swaps cambiais" no mercado de derivativos, ou seja, emitindo novos contratos na mesma proporção daqueles que estavam vencendo.
A instituição não deu mais detalhes, até o momento, sobre o percentual de contratos que será renovado. Explicou que essas informações devem ser conhecidas no final desta quinta-feira, por meio do edital dos leilões.
Momento de queda do dólar
A decisão do BC acontece em um momento de queda do dólar. Nesta quinta-feira (17), a moeda norte-americana opera com recuo de 3,27%, em meio à escalada das tensões políticas, como o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governo, e à divulgação de gravações entre ele e a presidente Dilma Rousseff.
A posse de Lula foi suspensa por uma decisão liminar (provisória) do juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara do Distrito Federal. Até a última atualização desta reportagem, a decisão do juiz ainda estava em vigor.
Por volta das 14h20 desta quinta, o dólar estava cotado a R$ 3,61. No fim de fevereiro, o dólar estava em R$ 4.
A rolagem não integral dos "swaps cambiais", anunciada pela autoridade monetária, teria o potencial de gerar, teoricamente, pressões de alta na moeda norte-americana. Com o dólar em queda, essa eventual pressão de alta tende a ser menor.
Estoque em mercado e resultados
No fim de janeiro, segundo informações do Tesouro Nacional, o estoque de contratos de "swaps cambiais" estava em R$ 422 bilhões, ou seja, pouco mais de US$ 115 bilhões pela cotação do dólar desta quinta-feira (R$ 3,61). Com a rolagem parcial dos vencimentos de contratos de swap cambial, o estoque tende a cair nos próximos meses - se a decisão for mantida.
De forma geral, o BC registra lucro com esses contratos quando o dólar cai e perde quando a cotação da moeda norte-americana sobe.
Em 2015, o BC registrou prejuízo de R$ 89,66 bilhões com as intervenções no câmbio no mercado futuro - por meio dos swaps cambiais. Foi a maior perda anual da série histórica, que começa, para anos fechados, em 2003. Até então, o maior prejuízo, em todo um ano, havia sido registrado em 2014 (R$ 17,32 bilhões). Em janeiro, porém, lucrou R$ 11,71 bilhões.
Os resultados do BC com os derivativos (ganhos ou perdas) impactam os indicadores das contas públicas, pois entram na conta de despesas com juros da dívida pública. A forte perda no ano passado ajudou a impulsionar o chamado déficit nominal - que somou R$ 644 bilhões em janeiro, o equivalente a expressivos 10,82% do PIB. Esse número é acompanhado com atenção pelas agências de classificação de risco na determinação da nota dos países.
Além disso, os resultados também impactam a chamada dívida bruta do setor público, que atingiu 67% do PIB em janeiro deste ano - patamar alto para padrões internacionais. Alguns bancos já projetam a dívida bruta em 80% do PIB no futuro. Com a piora dos indicadores, entre eles aqueles relacionados com as contas públicas, o Brasil já perdeu o grau de investimento por duas das três maiores agências de classificação de risco no ano passado.
Fonte: G1.
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